A DEVOÇÃO A MARIA, AOS SANTOS E O CULTO DAS IMAGENS – IV (final).

A DEVOÇÃO A MARIA, AOS SANTOS E O CULTO DAS IMAGENS – IV (final).

POSTADO EM 06 de Novembro de 2015


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Podemos perceber que ídolo designa imagem feita para ser adorado como deus, como faziam os pagãos com suas divindades. Para os judeus, as imagens dos deuses são os próprios deuses pagãos. Os povos vizinhos dos judeus acreditavam em muitos deuses e faziam imagens deles. Geralmente, estes deuses, criados pelo próprio homem, serviam de apoio ao sistema injusto e cruel que maltratava o povo, em especial os pobres. Em Israel não se podia fazer imagem de Deus, não se podia imaginar como Deus era, pois Ele é invisível e ninguém nunca o tinha visto. Do Deus verdadeiro não se faz imagens, porque, todas as imagens são inadequadas para Javé. Dos falsos deuses se faziam imagens que eram chamadas de ídolos, eram rivais de Javé. Idolatria é a exclusão do Deus verdadeiro, substituindo-o por um falso deus. O ídolo estava sempre ligado a um sistema de corrupção e opressão, levando a sociedade à divisão e à guerra por causa da ganância pela terra, bens materiais e dinheiro, fama, prazer e poder. Estes sim os verdadeiros ídolos que afastam a pessoa do Deus verdadeiro, competindo com Ele no coração (cf. Mateus 4,1-10; Lucas 4,1- 12).  Portanto: Deus parece, mas não é incoerente, já que num lugar da Bíblia manda fazer imagens e noutro lugar o teria proibido. A imagem, hoje, mais do que nunca, faz parte da linguagem humana e é representação de pessoa, coisa, ideia. A Bíblia fala de imagens algumas vezes para denunciar a idolatria, outras vezes para mostrar o quanto a imagem é necessária para entendermos, por meio do Filho, o próprio Pai: ''Ele (Jesus) é a imagem do Deus invisível... ''  (Colossenses 1,15). Os primeiros cristãos, martirizados aos milhares porque se recusaram a adorar imagens de deuses falsos, estudaram a Bíblia com atenção. Eles não tiravam esses textos que proíbem imagens de seu contexto. Comparando-os com outros textos bíblicos, ficaram convencidos de que Deus proíbe imagens de deuses falsos, adoração de ídolos que representam falsos valores, os quais induzem ao pecado. É o que faziam os povos vizinhos de Israel. Mas Deus não proíbe fazer outras imagens que contribuem para exaltar sua glória e poder. O II Concílio de Nicéia, no ano de 787, defende a veneração das imagens (pintura e escultura) de santos pelos cristãos e o uso de símbolos nas celebrações litúrgicas. O mesmo fez o Concílio Vaticano II, mantendo o culto às imagens conforme a tradição (LG 67), contanto que seja em número comedido e na ordem devida (SC 125).  Tendo apresentado este bem fundamentado texto apresentado pelo Bispo de Santo André, quando professor da Faculdade de Teologia da PUCCAMP, permito-me encerra-lo com minha experiência pastoral quando do encontro com irmãos protestantes. Tenho percebido que a forma de estabelecer diálogo respeitoso e fraterno está em dois pilares: o respeito mútuo que faz ver a sinceridade do coração e a certeza de que, como dizia o Papa santo, João XXIII, era muito mais o aquilo que nos une do que aquilo que nos separa. O respeito mútuo leva a ouvir e a reconhecer que muitas situações criam dificuldades porque não se tem clareza nos fundamentos da expressão da fé nas diferentes devoções. A busca do que é comum aos cristãos constrói a base para caminhar junto. O que nos une, a todos os cristãos, é a resposta que Jesus deu ao doutor da Lei quando este o questionava sobre qual seria o maior mandamento no emaranhado dos 613 que os rabinos apresentavam (Mateus 22, 34-40). O amor as Deus e ao próximo resumem a Lei e o ensinamento dos Profetas. E João dirá que quem diz amar a Deus que não vê e não ama o próximo que vê é mentiroso e Deus não está com ele (1 João 20-21). Nestes tempos de conflitos, também originados pelas diferentes visões religiosas, o cristão deve dar o exemplo da unidade na diversidade e buscar superar as animosidades que nos afastam de sermos sinais do amor que Deus tem por todos os seres humanos.

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