A exemplo de Maria, discípulos missionários. Eis-me aqui, faça-se...
Pe. José Antonio Boareto
Desde 1981 a Igreja no Brasil instituiu o mês de agosto como vocacional. O intuito é fazer com que este mês seja promovido nas comunidades uma motivação e mesmo catequese vocacional. Este ano a proposta é “A exemplo de Maria, discípulos missionários. Eis-me aqui, faça-se... (Lc 1, 38).
Maria é exemplo de discípula missionária. Sua vocação veio antes de ter sido concebida, como todos nós Deus já havia escolhido Maria no seu coração e por isso a permitiu vir à vida. Ana e Joaquim seus pais a educaram na fé e a ensinaram a ser confiante em Deus.
Quando adolescente já prometida em casamento a José da família de Davi, teve uma visita inesperada, de repente, um anjo aparece e lhe saúda dizendo: Ave Maria! O Senhor é contigo! O anjo lhe diz que veio até ela enviada por Deus para comunicar que o Senhor havia escolhido-a para ser a mãe do seu filho. Ela fica perturbada com as palavras do anjo e pergunta como isso vai acontecer se ela é noiva ainda.
O anjo conta que a sombra do Altíssimo virá sobre ela e então ela irá conceber do Espírito Santo. Diante da realidade do chamado, deste gesto de amor para com ela e para com todos nós, Maria responde amorosamente a tanto amor dizendo: Eis-me aqui, faça-se...
Vocação é chamado de amor a uma resposta que também é amor. Através do sim de Maria o plano de Deus irá se realizar. Graças a esta resposta amorosa ao Amor Maria dará ao mundo o próprio Amor que dela nasce para nos salvar porque nos ama. Deus nos ama e por isso nos chama.
Quando Maria já está grávida, sua parente Isabel, que era considerada estéril também está esperando um filho. Ela deixa sua casa e vai ao encontro da prima para ajudá-la com os serviços domésticos e mesmo com a gravidez. O amor nos coloca em movimento de amor.
Poderíamos ir ressaltando diversas passagens da vida de Maria que demonstram para nós o quanto ela viveu sua vocação com amor. Entretanto, queremos dar atenção a um aspecto em particular, sua missionariedade.
Maria foi discípula do seu filho. Ela pertencia ao movimento de Jesus e depois a sua comunidade. Junto dos outros discípulos ela era mãe e também irmã. No seguimento de Jesus pai, mãe, irmão e irmã é todo aquele que faz a vontade do Pai. Assim Jesus formava uma nova família na convivência fraterna.
Maria era a mãe da comunidade mas também a discípula, aquela cujo exemplo testemunhava com a vida. Seu sim para Deus era vivido todo dia como fidelidade a missão assumida. Era missionária, seguidora de Jesus, procurava viver o Evangelho, comunicar a boa-nova.
No seu canto podemos reconhecer o quanto ela está envolta pela ternura de Deus quando foi chamada para ser mãe do Senhor. Sua alma exulta de alegria, assim canta e professa sua fé no Deus que fica ao lado dos pobres. Vocação é resposta de amor, por isso, no seu canto ela manifesta todo reconhecimento do amor de Deus, ela experimenta uma verdadeira consolação.
A simplicidade de Maria é verdadeira humildade de quem reconhece o quanto o Senhor em toda sua grandeza olhou para a sua pequenez. Ele enxergou essa adolescente cujo coração vive para amá-lo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Quem está em Deus como Maria é verdadeiramente missionário e ou missionária e discípulo e discípula de Jesus, pois esta sempre a caminho e constantemente procurando sair de si mesmo e ir ao encontro do outro. Quem está envolto da consolação divina, da experiência de ter a alma exultante no Senhor, vive mergulhado nesse amor, reconhece a presença do Senhor em sua vida que o acompanha todos os dias e em todos os momentos.
Cantar é manifestar a alegria que envolve todo o seu ser na presença de Deus que experimenta na confiança do sim dado que é lançar-se neste mistério de Amor. Cheia do amor de Deus, Maria sabe, que Deus é justo e por isso defende os pobres. Ela sabe que levar o amor de Deus as pessoas é agir com misericórdia, colocando-se a serviço dos que mais necessitam.
É comprometer-se com uma sociedade mais justa e fraterna, onde os ricos serão despedidos de mãos vazias e os poderosos cairão de seus tronos. Ela sabe que o coração de Deus quer um mundo de irmãos e irmãs, onde todos formam uma única família. Ela canta no seu hino a sua fé no Deus da Vida.
Que Maria seja nosso exemplo para vivermos o discipulado e a missionariedade no seguimento de Jesus. Que ela nos ajude a compreender nosso chamado e vocação para a comunhão. Que ela nos ajude a despertarmos para a consciência e convicção de que Deus nos chama porque nos ama. Ele nos chama a sermos cristãos e cristãs, a sermos Igreja, a sermos povo de Deus para proclamar as maravilhas de Deus.
Junto com Maria cantemos: O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome! Que possamos sentir o quão maravilhosos somos, o quão maravilhosos nos fez o Senhor, o quão maravilhoso é a vida, quão bela e preciosa é nossa vocação. Chamados a amar e a cuidar de tudo que existe. Chamados a maravilhosa missão de não ser indiferente as dores da terra e nem dos pobres. Vivendo nossa vocação de sermos filhos e filhas de Deus, descobrindo-nos irmãos e irmãs uns dos outros, podemos fazer da vida e do mundo uma maravilha.
