UMA NOVA TERRA?

UMA NOVA TERRA?

POSTADO EM 29 de Abril de 2016


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Estamos assistindo toda gama de situações que envolvem a possibilidade de afastar a presidente do seu encargo de governar a Nação. Para além do julgamento pelo Senado, gostaria de refletir sobre aquilo que vai se dizendo a respeito de um novo governo, que estaria sendo projetado tanto no período de afastamento da titular assim como na decisão final de retirar o mandato para o qual foi eleita. No bloco das motivações, que fazem base ao desejo de mudanças, está a promessa de medidas que resolvam a grave crise econômica que o país atravessa. A mensagem é que será superada a marca da corrupção e do mau uso do dinheiro público. Teremos a correção das rotas equivocadas. Os erros feitos na gastança que gerou um déficit nunca visto serão corrigidos. Tenho acompanhado pronunciamentos e encontros do atual vice-presidente em consultas com figuras do cenário nacional. A tônica é um diálogo para encontrar caminhos. Partidos prometem ajudar mesmo não participando de cargos em ministérios e autarquias. E representantes do partido da presidente prometem infernizar novo governo que nasça do impedimento dela. Diante deste quadro me recordei de um trecho do livro do Apocalipse. Todos sabem que esse livro foi escrito em linguagem simbólica (de inspiração dos apocalíticos dos tempos de Antíoco Epífanes). Um livro de resistência e de encorajamento à comunidade cristã dos primeiro século perseguida pelo império romano e pela comunidade judaica. Os cristãos dessa época, que já constituíam a terceira geração, se perguntavam se valia a pena continuar a crer e a viver de acordo com os ensinamentos de Jesus Cristo. Afinal o mundo novo que esperavam não estava acontecendo. Para responder perguntas sobre o sentido de toda aquela situação sofrida João escreve: “Vi então um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra se foram... Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade santa, uma Jerusalém nova... Eis a tenda de Deus com os homens. Ele habitará com eles; eles serão o seu povo... Ele enxugara toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá morte, nem luto, em clamor, e nem dor haverá mais. Sim! As coisas antigas se foram” (21, 1ss). Parece que os poderes que se sucedem na história sempre desejam um mundo diferente. Ou prometem isso para todos ou para o grupo que move resistência e conquista. Assim se mostra a realidade mais próxima a nós (recordemos as guerras coloniais, as duas grandes guerras, os governos das Américas Central e do Sul, a situação do Oriente Médio, etc.). O que é necessário para que os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) cumpram suas funções?  Partindo do princípio que a função primordial é cuidar do Bem Comum, parece que o valor da pessoa humana deve ser a luz que ilumina. Ouso dizer que se se olhasse o quer ensinou o Rabi da Galileia teríamos a chave: “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também  uns aos outros” (João 13, 34). Creio que a dimensão cristã do enunciado não fere nenhuma outra crença nem mesmo os que não tenham nenhuma opção de fé religiosa. O “mandamento” é olhar o outro como alguém com quem tenho de conviver e encontrar caminhos para vida digna. E as diferenças de objetivos não deveriam transformar ninguém em inimigo. Seria um adversário, alguém que pensa diferente, que tem outra visão. Claro que a realidade do pecado - que faz egoísmo, individualismo, e outras limitações presentes – não se supera num passe de mágica. As tentações dos desvios sempre nos infernarão. Mas a decisão de buscar sempre o que é melhor para todos deveria ser a norma a ser desejada sempre. Não percamos a esperança de uma nova terra. O primeiro paraíso nós perdemos. Mas Deus não desistiu de nós. Prometeu novo céu e nova terra. Dom dele, realização nossa!

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