FORMAÇÃO LITÚRGICA III

FORMAÇÃO LITÚRGICA III

POSTADO EM 05 de Dezembro de 2016


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FORMAÇÃO LITÚRGICA III



1. Liturgia da Palavra.

Irmãos e Irmãs!

Embora a Liturgia da Palavra e a Liturgia da Eucaristia estejam estritamente unidas e formem um único ato de culto, trataremos aqui da Liturgia da Palavra.

A Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium – sobre a Sagrada Liturgia recorda que “na liturgia Deus fala a seu povo e Cristo continua a anunciar o Evangelho” (nº 33). O destinatário da Palavra anunciada é o povo reunido e congregado pelo Espirito Santo. Concebida dentro de uma estrutura dialogal, DEUS FALA (leituras bíblicas, principalmente o Evangelho com sua aplicação à vida – homilia) e o POVO RESPONDE (salmo responsorial, canto do aleluia, silencio, profissão de fé e oração da comunidade). A palavra anunciada possibilita compreender os fatos da realidade, corrigir os rumos, animar e dar força na caminhada.

A primeira leitura é normalmente um texto do primeiro testamento e sempre escolhida em relação ao Evangelho daquele domingo ou solenidade. O salmo é sempre resposta alegre à Palavra anunciada. Nos domingos e dias santificados, a segunda leitura apresenta os textos significativos das Cartas Apostólicas, sobretudo, contidas no segundo testamento. O canto de aclamação ao Evangelho é um versículo – síntese do Evangelho a ser anunciado. Assim de domingo a domingo, festa em festa, a comunidade vai sendo alimentada com o Pão da Palavra que revela o Mistério de Cristo, comunica sua força e nos transforma em suas testemunhas.

Lembramos que o Evangelho é o ponto culminante da Liturgia da Palavra. Quem o proclama é sempre o ministro ordenado: O Diácono, o Presidente da Celebração no caso de não haver um Diácono ou um sacerdote concelebrante. A comunidade reunida deve sempre estar em pé para ouvi-lo. Pode ser incensado antes de ser anunciado, sobretudo nas festas e solenidades. “...Quanto à homilia, a mesma é sempre um diálogo amoroso entre Deus e o seu povo.  Aquele que prega deve conhecer o coração da sua comunidade, para identificar onde está vivo e ardente o desejo de Deus e também onde é que este diálogo de amor foi sufocado e não pode dar fruto. A homilia não pode ser um espetáculo de divertimento, não corresponde à lógica dos recursos mediáticos, mas deve dar fervor e significado à celebração...” (Evangelii Gaudium, nos137 – 138). Falar bonito e impressionar os presentes é muito pouco. O Papa Francisco recorda ainda na sua carta apostólica Misericórdia et Misera, por ocasião do encerramento do Ano Extraordinário da Misericórdia, que a homilia é um momento para experimentar concretamente a proximidade da Assembleia reunida com a palavra de Deus. Ela deve fazer vibrar o coração dos que creem perante a grandeza da misericórdia, e continua: “recomendo vivamente a preparação da homilia e o cuidado na sua proclamação. Será tanto mais frutuosa quanto mais o sacerdote tiver experimentado em si mesmo a bondade misericordiosa do Senhor. COMUNICAR A CERTEZA DE QUE DEUS NOS AMA NÃO É UM EXERCÍCIO DE RETÓRICA, MAS CONDIÇÃO DE CREDIBILIDADE DO PRÓPRIO SACERDOTE...” (nº 6).

Questões práticas:

          A Palavra precisa ser proclamada e não apenas lida. Do Ambão – lugar para onde se sobe. Deve ser proclamada do Lecionário, livro que contém as lições selecionadas pela Igreja ao longo dos séculos. Para os domingos – Lecionário Dominical, para a semana – Lecionário Semanal, para as festas dos santos – Lecionário Santoral. Pode–se usar o Evangeliário nos domingos e festas para dar destaque e solenidade ao Evangelho, centro da Palavra de Deus. É urgente que nossas Paróquias e Comunidades preparem leitores e salmistas. Conhecer, sintonizar e rezar o texto antes de proclamá-lo, é fundamental. Nunca subir ao Ambão com papel na mão. Dizer sempre: Leitura do Livro ... ou, Leitura da Carta de.... Cuidado com os ruídos litúrgicos. Ex. Não dizer o nome da pessoa que vai proclamar a leitura, porque a Palavra que é o centro, não pode ser desviada, mesmo que seja por um instante, para o nome da pessoa que vai fazê-lo.

          A Profissão de Fé:

         A Instrução Geral sobre o Missal Romano – IGMR, lembra que “o símbolo ou profissão de fé tem por objetivo levar o povo a dar sua resposta de adesão à Palavra de Deus ouvida nas leituras e na homilia, bem como recordar-lhe a regra de fé antes de começar a Celebrar a Eucaristia” (nº67). A profissão de fé ou o credo contem aquilo que nossos “pais na fé” viveram e que nos também vivemos. A forma mais comum de profissão de fé é o chamado Símbolo Niceno: Creio em um só Deus... O Símbolo dos Apóstolos: o creio em Deus Pai... mais bíblico, mais próximo do querígma original (querígma = anúncio pascal), encontrando em textos do novo testamento, como At 2, 22-23; 3,13-17; 10,39-40... é rezado na Liturgia Batismal e nas devoções populares, inclusive no inicio do terço. É rezada nos domingos e solenidades por todo o povo unido ao presidente da celebração (cf. IGMR, nº68).

          Preces da Comunidade:

          Elas encerram a Liturgia da Palavra. São ainda, resposta à Palavra que foi anunciada. Não se trata de coisas já prontas escritas em folhetos. “...Elas devem brotar do fundo do coração, tocado pela Palavra de Deus e movido pelo seu Espirito, no momento da celebração. As preces que já vem prontas no folheto ou no missal, podem até ajudar, mas não dispensam as preces que brotam da comunidade celebrante, que ouviu com atenção a Palavra e, com fidelidade, deseja vive-la. É necessário, então, deixar espaço para participação com preces espontâneas ou mesmas feitas em silêncio. E quem preside finaliza com uma oração conclusiva, apresentando-as ao Pai por meio de Jesus Cristo” (Liturgia em Mutirão – Subsídios para Formação, pag. 121) . 

          Apelo ao silêncio:

          “A Liturgia da Palavra deve ser celebrada de maneira a favorecer a meditação e, por isso, deve evitar qualquer forma de apressamento que impeça o recolhimento. O diálogo entre Deus e os homens, com a ajuda do Espirito Santo, requer alguns breves momentos de silêncio, adaptados à Assembleia presente, para que, neles, a Palavra de Deus seja acolhida interiormente e se prepare a resposta por meio da oração. Esse silêncio pode ocorrer antes do começo da Liturgia da Palavra, depois das leituras, ou ao término da homilia” (cf. Ordo de leituras da Missa – OLM, nº28).



+ Sérgio,

Bispo Diocesano



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