Oração perseverante tem resposta

Oração perseverante tem resposta

POSTADO EM 28 de Outubro de 2016

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MonsenhorGiovanni Barrese

No 29º domingo dochamado “Tempo Comum” das celebrações da Igreja o tema da Palavra de Deus é oda oração que obtém resultado. Para nos alertar que há orações que não o obtém.

No exemplo, digamos pitoresco, de dois homens que sustentam os braços de Moisésna oração durante a batalha contra os amalecitas e na parábola de Jesus sobreuma viúva que importuna um juiz para que lhe faça justiça está a formulação deque no perseverar no diálogo com Deus se encontra a resposta para nossaspreces. 

Costumo dizer que a oração fazparte de nossa vida porque acreditamos que somos ouvidos e atendidos. O que é difícil é entender como somos ouvidos e atendidos se, nem sempre, as coisas acontecem como nós pedimos.

Para achar um caminho de entendimento dou um exemplo: não existe criança quer aceite “não” com naturalidade. Para a criançatudo é possível e sua vontade deve ser sempre satisfeita. Se isso não ocorretemos muxoxos e esperneios. Com a maturidade se compreenderá que muitos “nãos”recebidos eram “sim” quando não podíamos compreender.

A base da oração está na confiança em Deus que quer sempre o nosso bem. Lembro-me, de forma incompleta,da primeira definição que ouvi e decorei, dada pelo Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã: “Oração é a elevação da alma e do coração a Deus para agradecer e pedir as graças de que necessitamos...”. Era mais ou menos isso.

Claro que para uma criança nem todas as palavras eram totalmente compreendidas. A catequese do tempo ia mais na direção do decorar. Hoje o caminho da catequese é feito de forma dialogal, Bíblia na mão.

Todavia persiste, para muitos, o desconhecimento do sentido profundo do que significa orar, rezar. Faz parte da necessidade humana poder expressar sentimentos. O verbalizar (como afirma Sigmund Freud) é libertador. Quando a pessoa bota pra fora o que sente realizaparte significativa na busca do equilíbrio afetivo-emocional.

No campo do racional se vê, ao longo da história que, de alguma forma, os seres humanos buscavam o favor dos deuses.

Em nossa tradição judaico-cristã vemos a riqueza que a Bíblia nos oferece. Penso que o ponto culminante se dá no episódio que nos refere à oração do “Pai Nosso”. No tempo de Jesus os rabinos costumavam ensinar uma fórmula oracional para os seus discípulos. Isso servia, igualmente,para distinguir seguidores. Jesus é instado a fazer o mesmo. Ele, porém, faz outra coisa: o que chamamos de oração do Pai Nosso não é uma fórmula. É umjeito! Jesus diz que podemos chamar a Deus de Pai e colocar diante dele todasas nossas necessidades. Sendo Pai, pedimos que sua vontade seja feita no céu ena Terra. E sabemos que a vontade de Deus é sempre o nosso bem!

O que é maravilhoso nessa oração é que ela cabe no coração de qualquer pessoa. Não é uma oração exclusiva de católicos, protestantes ou de quem quer que seja. Todo ser humano pode chamar a Deus de Pai! Por isso que é uma “oração” da qual nãonos cansamos. Os pedidos que nela estão são a condensação dos nossos desejos e necessidades.

O que me parece fundamental é que nossas orações não percam devista a paternidade de Deus e o bem que ele nos quer. Se quisermos lembrar a insistência do Papa Francisco: Deus é misericórdia! A oração deve ser a buscada presença de Deus em nossas vidas. As orações dirigidas à Virgem Maria e aos Santos têm, também, o dom de celebrar a comum união entre os que já estão emDeus e nós que fazemos o Caminho seguindo Jesus Cristo.

Temos que revigorar nossa intimidade com Deus. Temos o direito de nos dirigir a ele como filhos e filhas e falar-lhe da nossa vida. Ele sabe tudo, mas sabe que é necessário para nós falar. Há ainda a necessidade de redescobrir a riqueza e o valor da sorações em comunidade, nos grupos de oração, de novena, nos grupos de rua. Até naquilo que se refere à celebração da Eucaristia.

Vale aqui lembrar que asmissas transmitidas por rádio e televisão ajudam a quem está impossibilitado departicipar nas celebrações das comunidades. Essas missas não substituem a necessária e possível presença. O individualismo que predomina em nossos dias está fazendo muita gente  buscar aacomodação do sofá e de não ter que aguentar a tosse (dos outros) e o barulhodas crianças!

Permitam-me terminar com relato que expressa a acomodação (e pouca compreensão do que significa a Missa): uma senhora me disse: “Padre, eu gosto tanto de ver a missa na TV. A música é bonita, não tem barulho. É tãobom! Aí a gente levanta, faz um café escutando o que o padre diz...”. Pois é!

 

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