AS MARCAS DOS CRISTÃOS

AS MARCAS DOS CRISTÃOS

POSTADO EM 08 de Abril de 2016


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Nestes tempos pós Páscoa a leitura dos Atos dos Apóstolos nos ajuda a repensar aquilo que celebramos na Semana Santa e nas consequências práticas dessa celebração. No capítulo 2, versículos 42 e seguintes, se manifesta a forma de viver dos que tinham abraçado a fé em Jesus Cristo. Cito breevemente: “Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um”. O entusiasmo pelo exemplo e pela palavra de Jesus era contagiante. O anúncio da Boa Nova feito por aqueles primeiros que, medrosamente, tinham abandonado ao Senhor e, de repente, começaram a falar dele abertamente e sem temor, realizando as mesmas ações do Mestre, suscitavam esperança no meio do povo dominado pelo Império e pela estrutura de poder do Templo. Uma nova forma de vida se vislumbrava. Os primeiros cristãos procuravam conhecer e aprofundar sua escolha por Jesus e pela comunidade; o relacionamento fraternal os fazia buscar o bem de todos, abrindo mão dos pertences para  socorrer a todos; a celebração da Eucaristia e a oração davam o embasamento para essa escolha revolucionária: não pensavam só em si, pensavam e agiam a favor de todos. Digamos que esse primeiro entusiasmo era também motivado pela perspectiva da volta gloriosa do Senhor. Não ia demorar muito para que o Cristo sofrido e humilhado voltasse como Rei. Por isso valia a pena preparar-se para a sua chegada. Se essa visão não se realizou no tempo aproximado da história é inegável que o sonho de convivência fraterna e solidária continua habitando no coração humano. Também entre os que não conhecem ou aderiram a Jesus Cristo, mas carregam no coração profundo amor e respeito pelos semelhantes. Esse ideal do início do cristianismo continua latente. Aqui e ali vão surgindo tentativas para torna-lo real. Até a ideologia trabalhada por Marx e Engels, o comunismo, buscou nas bases bíblicas a sua utopia. Na caminhada histórica acabou se tornando instrumento de dominação, mas a base ideal era a busca de sociedade igualitária. Movimentos semelhantes surgiram ao longo dos tempos (baste lembrar a realidade iniciada com o nascer do protestantismo). Com a Revolução Industrial começou o sistema de capital. Este trouxe muitas possibilidades, mas agravou a diferença entre os que têm muito e os que quase nada têm. E marca os nossos dias com a mentalidade que o ter é fundamental. Só se é algo se se tem. Quem não tem é quase nada. Penso que podemos assim entender o momento de turbulência política e econômica que estamos vivendo. Parece que o Bem Comum está subordinado aos interesses de pessoas ou grupos. As dificuldades pelas quais passam, especialmente, os mais pobres estão em segundo plano. Ainda continuo escandalizado com o fato de que no final do ano o Congresso Nacional e órgãos superiores da Justiça tenham saído em férias quando a situação exigia atuação imediata para solucionar a crise presente. Não se nega o direito de justo descanso a ninguém, mas quando “a casa está pegando fogo” a gente primeiro apaga o fogo! Falta, a meu ver, visão da Política. Entendida como arte de auxiliar a convivência entre pessoas que pensam diversamente. Atitudes e palavras têm levado a um acirramento que beira a irracionalidade. Não se escolhem metas de governo com baixarias. Venham de onde vierem. Da mesma forma temos que preservar os princípios que norteiam a vida do País. Acima de qualquer interesse está o bem de todos. Creio que lembrados dos princípios da primeira comunidade crista nós, cristãos de hoje, temos que nortear nossos passos pelo seu exemplo. Se assim não for para que serve a nossa fé?

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