A Melhor Política e as Eleições de 2022

A Melhor Política e as Eleições de 2022

POSTADO EM 29 de AGOSTO de 2022


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A Melhor Política e as Eleições de 2022



                            Irmãos e irmãs!

               Vivemos um momento notável com a aproximação das eleições no próximo mês de outubro. Vamos escolher nossos representantes para o Poder Executivo, Presidente da República, governadores dos Estados, e para o Poder Legislativo, senadores e deputados estaduais e federais, confirmando assim nossa presença e compromisso na construção de um País que todos queremos, mais justo e solidário, com liberdade e oportunidade para todos.

                 Como cidadãos e cristãos não podemos nos omitir, uma vez que “a política é uma forma privilegiada de caridade e tem como vocação e missão buscar realizar os valores que definem os destinos dos povos e a concepção do homem, que se traduzam na cultura da solidariedade” (São Paulo VI).

              O cenário político atual é sombrio e parece não facilitar nem abrir espaço para a participação consciente e ativa dos cidadãos, considerados meros receptores de favores, sobretudo os mais pobres e vulneráveis. Cremos que a política precisa nos re- encantar e, nesta perspectiva, votar nos põe diante da possibilidade do reinicio de uma nova sociedade. Do contrário apenas votaremos pela sobrevivência.

                 Permanecem aquelas pautas, já conhecidas e que ainda não cumprimos: a) a fome, que avança sempre mais. O povo não tem o básico para viver. Todos sabemos que à fome, antecede antes de tudo uma crise humanitária; b) a saúde: a vida continua ameaçada. O Sistema Único de Saúde (SUS) não tem o investimento suficiente para garantir saúde de qualidade para todos os brasileiros e brasileiras, sobretudo as doenças que hoje são consequências da covid-19 e que ameaçam os mais pobres e vulneráveis; c) a violência: o outro é visto sempre mais como um inimigo potencial, parece que a solução está em nos armarmos para qualquer eventualidade; d) o trabalho: sem ele não temos identidade, e consequentemente, cidadania; e) moradia: a desigualdade leva milhares de irmãos e, irmãs a viver na rua, sofrendo toda sorte de exclusão. Impõe-se uma pauta positiva para aqueles que se apresentam para nos representar, portanto, a pauta da vida e não da morte.

               Causa-nos perplexidade a instrumentalização da religião no processo político atual, mais que em outros tempos. Seguimentos religiosos estão sendo usados “como massa de manobra” daqueles que querem o poder a qualquer custo. O que esperamos é que a religião evangelize o mundo da política e seja instrumento que nos ajude a fazer a melhor política, como propõe a filosofia política do Papa Francisco: “reconhecer todo ser humano como um irmão ou uma irmã e procurar uma amizade social que integre a todos não são meras utopias. Exigem a decisão e a capacidade de encontrar os percursos eficazes que assegurem sua real possibilidade. Todo e qualquer esforço nessa linha torna-se um nobre exercício de caridade...” (Papa Francisco, Carta Encíclica Fratelli Tutti – sobre a fraternidade e a amizade social, nº 180).

               O que toda sociedade exige e que não é nada de extraordinário é que seja cumprido o que lemos na Constituição da República Federativa do Brasil, tantas vezes modificada para atender interesses grupais e corporativistas: I. Construção de sociedade livre, justa e solidária; II. que seja garantido o desenvolvimento social; III. erradicada a pobreza e a marginalização e reduzidas as desigualdades sociais e regionais; IV. seja promovido o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

             Por esse caminho, vamos construindo a nossa nação, salvaguardando a democracia que pede sempre o diálogo, o debate de ideias, a verdade e a liberdade. Não corramos o perigo da radicalização política, seja para qual lado for, pois ela obstrui o processo democrático. Partidos políticos e os políticos, mesmo que adversários e com interesses diferentes, devem ter como primeira preocupação o bem comum, o bem do povo. Cuidemos com todo tipo de radicalismo, eles favorecem o ódio e a divisão.

              Quanto à política na Igreja Católica, lembremos que o que a inspira é o exemplo de Cristo servidor do Projeto do Pai, que busca e atende generosamente a todos os homens e mulheres, para que tenham a vida, com preferencial dedicação àqueles deixados quase mortos a beira da estrada. Em sua doutrina social desde a Encíclica Rerum Novarum do Papa Leão XIII, de 15 de maio de 1891 a Igreja procura salvaguardar a dignidade da pessoa humana, os direitos dos trabalhadores, o valor da família, o direito à propriedade particular, os direitos e os deveres do Estado, as classes sociais. Assuntos que ainda hoje são atuais. Não nos falte a esperança, hoje e sempre.


† Sérgio Bispo Diocesano

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