Homilia para o Dia de Oração pela Santificação do Clero

Homilia para o Dia de Oração pela Santificação do Clero

POSTADO EM 27 de Junho de 2025


HOMILIA

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus – Ano C

Dia de Oração pela  Santificação do Clero – 27/06/2025

                  Irmãos!

  1. Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o profeta Ezequiel nos ajuda entrar no mistério, na dimensão do amor com que o Senhor tratou Israel, ainda criança, nas suas origens – amor, porém, não correspondido pela indiferença e ingratidão. Quanto mais o Senhor buscava e chamava Israel mais ele se afastava, se tornava rebelde e corria atrás dos ídolos.
  2. Foi ele que o tomou nos braços, como faz o pastor com suas ovelhas, dispensou cuidados, buscou atraí-lo com vínculos humanos, laços de amor e feição materna. Jamais o abandonou e, mesmo diante da maldade do seu povo – povo eleito, não desistiu. Falou mais alto o seu coração que, foi capaz de se comover, revelando a pedagogia da misericórdia. O coração de Deus é um coração capaz de se comover, derramar o seu amor, não ser como os maus pastores, de ontem ou de hoje, que exploram e abusam do povo, dispersando-o.
  3. O coração comovido de Deus (até às entranhas) – resplandece no coração traspassado do crucificado, aquele mesmo que se deixou dar a si mesmo, pois “amou até o fim”. O Filho que assume o amor aniquilado, afim de derrotar o mal e restituir a dignidade aos seres humanos, que o pecado tornou escravos, como fez o Pai misericordioso que ouvimos na parábola de Lucas.
  4. Queridos irmãos presbíteros:
  5. Contemplemos, rendamos graças pelo nosso sacerdócio que, outra coisa não pode ser, senão, o amor do coração de Jesus. Lembremos: do seu coração brotou o dom do nosso ministério sacerdotal, de nossa parte sem mérito algum, porém, de nós exigindo, como Ele, fidelidade e amor.
  6. Formemos cotidianamente o nosso coração a partir do coração de Jesus, coração humano e divino, da ciência e do conhecimento do seu amor. Configuremos o nosso coração ao coração sacerdotal e pastoral de Jesus, vivendo com alegria esse mistério colocado em nossas mãos. Sejamos homens da experiência do Deus vivo, verdadeiramente humanos, capazes de como ele, nos comover com o sofrimento dos irmãos e irmãs a nós confiados, educadores, apaixonados, sintonizados com a vida do nosso povo, fazendo-o chegar a Deus. É isso que o povo espera de nós. Não da para ser presbítero de outro modo.
  7. Como presbíteros cuidemos de nós mesmos, tendo os mesmos sentimentos de Jesus. Tenhamos apreço pela comunhão, abrindo brechas para alteridade, e se for possível, indo além, abrindo portas. Respeitemo-nos uns aos outros, não falemos mal de nós mesmos, não exponhamos nossas fragilidades e queiramo-nos bem, só assim poderemos cuidar bem do povo a nós confiado. Nunca nos falte a caridade pastoral, nosso ofício por excelência, de modo que o nosso eu, em nossas diferenças, o que é uma riqueza, revele o eu sacerdotal de Jesus.

Não nos esqueçamos: nosso sacerdócio não está a serviço de nós mesmos, de nossas ideologias pobres, excludentes, manipuladoras, do nosso egoísmo e isolamento, da Igreja que imaginamos, segundo nossos interesses, julgando muitas vezes que nos bastamos a nós mesmos, mas  a serviço da Igreja querida por Jesus, e do povo, especialmente os pobres e os últimos. Livremo-nos de nossa prepotência, sejamos homens de Igreja e com a Igreja. Voltemo-nos aos que anseiam e querem ver em nós a imagem do próprio Jesus.  Nunca afastemos ou prejudiquemos os outros, sobretudo, aqueles que somos chamados a salvar, como pede o Papa Leão; somos chamados a curar as feridas do nosso povo, recuperando assim nossa credibilidade, que está baixa, muito em baixa. Como estamos rezando: A Eucaristia, a Liturgia das Horas, as nossas fragilidades, alegrias e tristezas? Quanto tempo damos a leitura e a meditação da Palavra, ou as redes sociais é que ocupam hoje o seu lugar? Recorramos a mãe de Jesus. Ela é nossa mãe, a mãe que quer seus filhos felizes e realizados.


        “Ó inefável beleza do Deus altíssimo e puríssimo esplendor da luz eterna, vida que vivifica toda a vida, luz que ilumina toda luz e conserva em perpétuo esplendor a multidão dos astros, que desde a primeira aurora resplandecem diante do trono da vossa divindade. Ó eterno e inacessível, brilhante e suave manancial daquela fonte oculta aos olhos de todos os mortais! Sois profundidade infinita, altura sem limites, amplidão sem medidas, pureza sem mancha!” (São Boaventura, Séc. XIII).

           

                 † Sérgio

                       Bispo Diocesano

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