Homilia da Missa Solene do Centenário

Homilia da Missa Solene do Centenário

POSTADO EM 14 de AGOSTO de 2025


No dia 27 de julho de 2025, o Parque Dr. Fernando Costa, em Bragança Paulista, foi palco da grande celebração do Jubileu Centenário da Diocese. Diante de 23 mil fiéis, Dom Sérgio Aparecido Colombo proclamou uma homilia marcada pela gratidão, pela memória da caminhada e pelo convite a olhar o futuro com esperança. Inspirado pela Palavra de Deus e pelo lema jubilar,100 anos evangelizando “com Maria, a Mãe de Jesus” (At 1,14), nosso bispo recordou a missão que sempre guiou esta Igreja Particular e renovou o chamado a sermos uma comunidade viva, missionária e fiel ao Evangelho.

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Homilia no Centenário da Diocese de Bragança Paulista

100 anos evangelizando “com Maria, a Mãe de Jesus” (At 1,14)

Bragança Paulista 27 de julho de 2025

Parque Dr. Fernando Costa


Irmãos e irmãs!


No dia de 24 de julho de 2022, nossa Igreja diocesana de Bragança Paulista,

iniciava sua caminhada rumo à celebração do centenário de sua criação. Foram três anos de

intenso trabalho, bênçãos e graças, o que a ela permitiu olhar para o futuro com esperança, como

reza o Jubileu da Esperança de 2025, proposto pelo saudoso Papa Francisco: “Peregrinos da

Esperança – esperança que não decepciona” (Rm 5,5).


Lembramos que “a Diocese é a porção do povo de Deus que é confiada ao Bispo para ser pastoreada com a cooperação do presbitério, de tal modo que, aderindo ao seu pastor e

por esse congregado no Espírito Santo, mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua a Igreja

particular, onde, verdadeiramente, encontra-se e atua a Igreja de Cristo una, santa, católica e

apostólica” (CDC n. 369).


Na Bula de criação da Diocese: AD SACRAM PETRI SEDEM – da Sagrada Sede de Pedro, no dia 24 de julho de1925, assim se expressou o Papa Pio XI: “Sendo nós, chamado por divina disposição para ocupar a Santa Sé de Pedro, mesmo quando atendendo a piedosas súplicas, queremos, com o pensamento em Nosso Senhor, fazer tudo o que possa contribuir para o contínuo aperfeiçoamento do culto divino e para o bem espiritual dos fiéis em Cristo...”. Com esta missão, era criada a nossa Diocese. O que chama nossa atenção? 


O aperfeiçoamento do culto

divino e o bem espiritual dos fiéis. Aí já estava presente a nossa vocação, que é a vocação de toda aIgreja, e que permanecerá para sempre: conduzir o povo à santidade, na busca e no

conhecimento de Jesus Cristo, para adorá-lo e servi-lo eternamente e, celebrá-lo como mistério

inefável de amor e de comunhão.

Peregrinando na história, entre luzes e sombras, no campo ou na cidade, esta com as suas desafiadoras periferias, mas não sem esperança e confiança, alegramo-nos por ter percorrido o caminho. 


Aquilo que muitas vezes pensamos não poder realizar, Deus o realizou

com nossa participação generosa, ânimo e determinação. Nesse contexto, e tendo à frente fiéis e destemidos pastores, com a presença e o testemunho de leigos e leigas, religiosos e religiosas, foi acontecendo o agir de nossa Igreja diocesana – sua ação evangelizadora.


A Palavra de Deus proposta para hoje, no livro de Ezequiel, nos ajuda a

compreender o cuidado de Deus para com o seu povo, povo que longe de sua pátria, sofre o abandono, comparado a ovelhas perdidas, extraviadas, fraturadas e doentes, ao lado de ovelhas gordas, fortes e saudáveis. É a imagem que o profeta Ezequiel tomou para falar do sofrimento do povo exilado, desunido e oprimido. Profeta que anima e encoraja o povo a crer que Deus age como um pastor, que o liberta da ganância dos poderosos, um pastor que cuida, resgata, apascenta, reconduz. 


Um Deus que tira o seu povo da escravidão, acompanhando-o na realização da justiça e do direito, ontem como hoje: a base de uma nova sociedade a ser construída.O contexto do Evangelho é o do mar de Tiberíades, numa refeição de Jesus ressuscitado com os discípulos, onde ele pede a todos um amor incondicional, amor que terá Pedro como protagonista, e que prolongará sua ação (ação de Jesus). Ele, pastor e porta. Entrar pela porta que é Jesus, conduzir as ovelhas, cuidar delas, apascentá-las, levando-as a possuir a vida de Jesus. 

O que fica claro é que as ovelhas não pertencem a Pedro; com elas ele exercerá bem a sua função se tiver plena consciência de que o pastor é o Ressuscitado: é a fidelidade a ele e à sua obra que tanto Pedro (e todos que exercem na comunidade, ministérios de liderança) quanto as ovelhas

encontrarão a fonte e o sustento para o seu testemunho. 


O diálogo entre Pedro e Jesus deixa claro para os presentes (os discípulos) o que é essencial: fazer parte da comunidade dos discípulos

missionários seguidores de Jesus.

No livro do Apocalipse somos todos convidados a testemunhar a experiência possível desde já, de uma nova humanidade, com novo céu e uma nova terra, sem dominação, sem violência, mas na liberdade, com a certeza da presença de Deus em seu meio, nunca cedendo diante da mentira, injustiça e a corrupção.

Na alegria desta solene celebração, depositando sobre o altar esses cem anos de peregrinação, alimenta-nos a certeza de que tudo concorreu e concorre para o que acabamos de

ouvir. E, mais que uma Igreja instituição, por vezes enferma pelo fechamento, dada à comodidade

e apegada às próprias seguranças, uma Igreja que foi edificando-se como uma Igreja solidária, que se deixou moldar pelo Espírito, aprendendo a ser uma Igreja em saída – autêntica Comunidade Eclesial Missionária, como propôs o saudoso Papa Francisco.


Assim, “entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, avança, peregrina, a Igreja, ‘a nossa Igreja diocesana’, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que ele

venha (1 Cor 11,26), robustecida pela força do Senhor Ressuscitado, a fim de vencer, pela paciência e caridade, suas aflições e dificuldades, tanto internas quanto externas, e, embora entre

sombras, porém, com fidelidade, revelar ao mundo seu mistério, até que no fim, seja manifestado

em plena luz” (Constituição Dogmática Lumen Gentium – sobre a Igreja, Concílio Vaticano

II, nº 251).


Confiamos à nossa gloriosa padroeira, a Imaculada Conceição do Jaguary –

proclamada feliz porque acreditou – o nosso itinerário de 100 anos. Que ela a assista e a conserve no caminho sinodal, da comunhão, participação e missão.


Acreditando, caminhemos, caminhando amemos e, amando sirvamos sempre

mais. Amém.

† Sérgio

Bispo Diocesano


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