POR QUE CELEBRAR O CENTENÁRIO DA DIOCESE?
Pode ser que alguém faça a pergunta! Mesmo porque há quem não goste de celebrar datas como as de aniversário, encontros familiares! Há quem procure se esquecer de episódios difíceis enfrentados! Há os que não gostam de recordar as datas cívicas! A consequência é o risco de perder a identidade. Pode-se percorrer a trilha de não mais saber quem somos! O tempo vivido não pode e não deve ser anulado! Ele representa ponto de apoio para o presente e futuro. É o que chamamos de Tradição, isto é a vida vivida de cada pessoa, de cada grupo, de cada povo, da própria Igreja. Em termos que movem a vida do Povo de Deus, fazer memória é atualizar a presença de Deus no seu projeto de Amor de dar vida e esperança àqueles que, desde sempre, predestinou a ser seus filhos e filhas no filho Jesus! (Efésios 1,5).
Quando vamos deixando de celebrar fatos fundantes vamos obscurecendo e apagando a memória. A história de Israel e a história da Igreja tem como vital o “fazer memória”! Desleixando a memória, o povo de Israel trouxe para si momentos de sofrimento e dor! Esqueceu a fidelidade do Deus que o escolheu e lhe foi sempre fiel. A Igreja tem no “Fazei isso em minha memória” (1ª Coríntios 11,25) a sua razão basilar e eterna! Por isso celebrar o centenário da ereção do Bispado de Bragança Paulista é um gesto devido, que expressa a consciência do caminho percorrido para fazer chegar ao povo a Palavra, Jesus Cristo! Prosaicamente se diz que a diocese foi criada com a esperança de que o primeiro bispo diocesano fosse Dom José Carlos de Aguirre, então bispo de Sorocaba. Isso porque, durante muitos anos, ele tinha sido pároco da antiga matriz de Nossa Senhora da Conceição, em nossa cidade. Naturalmente, a razão da criação da diocese, foi a preocupação de poder cuidar mais de perto do povo de Deus de nossa região! Sou, acredito, um dos poucos padres diocesanos que conviveu com os todos bispos da diocese. Posso testemunhar que, no seu pastoreio, foram e são fiéis à missão recebida de conduzir seu povo a viver a fidelidade ao Evangelho.
Naturalmente, de 1925 até hoje, o mundo experimentou mudanças extraordinárias e velozes! Das tragédias das guerras à globalização! Da revolução dos meios de comunicação! Da característica dos nossos tempos em questionar tudo fazendo crer que vivemos liquidez sem ponto de chegada! Da exigente tarefa de compreender os valores das tradições, também da Fé, a querer reviver o passado num mundo complexo como o dosnossos dias! Celebrar 100 anos da diocese não é chorar sobre um passado onde “no meu tempo era melhor”, mas aprender que os valores permanecem e exigem respostas que desinstalam e incomodam! Certamente a equipe da celebração do Centenário apresentará um perfil dos nossos bispos e das características que marcaram sua presença entre nós! Isso nos ajudará a valorizar a vida da Igreja diocesana e, ao fazer sua memória, viver o gesto de honrar aqueles e aquelas que deram sua vida para que a Igreja seja testemunha do Senhor da Vida! Cabe recordar tantos homens e mulheres, leigos e leigas, presbíteros diocesanos e religiosos, congregações religiosas, que construíram um caminhar diocesano feito de fraternidade, solidariedade e, especialmente, alimentadores da Esperança! Nós, que podemos celebrar o Centenário, lembremos de quem nos abriu o caminho até aqui!
Mons. Giovanni Barrese
Vigário Geral