Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016

Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016

POSTADO EM 21 de Janeiro de 2016

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Casa Comum, nossa responsabilidade

  Campanha da Fraternidade Ecumênica 2016


                            Irmãos e Irmãs!

                               A Igreja inicia a caminhada para a Páscoa, acontecimento central da vida cristã e ponto alto do Ano Litúrgico. Revitalizada a cada ano com a Campanha da Fraternidade, este ano Ecumênica, a Quaresma torna-se um tempo privilegiado para retomar o caminho com Jesus e renovar a confiança no seu amor misericordioso, que tem como ápice a entrega da vida na cruz para a redenção do mundo. De modo novo, ela remete-se aos quarenta dias para o tempo de deserto, para a luz do Espírito, peregrina na história, refazer a experiência da Graça e superar as tentações que o Papa Francisco chama de “mundanismo” – fascínio pelo poder, vanglória, dinâmicas de auto-estima e autorreferência.

                              O tema proposto é “Casa comum, nossa responsabilidade” e o lema “Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Am 5,24).

                          Mas, por que uma Campanha da Fraternidade Ecumênica? Toda a Sagrada Escritura deixa bem claro que a fidelidade a Deus tem tudo a ver com o cuidado que devemos ter uns com os outros e com os dons da natureza que ele criou, e que o papel da religião é cuidar do bem-estar das pessoas. “O profeta Amós (cf. 5, 21-27) alerta que não é suficiente investir em belas e vistosas celebrações, garantir rituais caríssimos e atrair o público para as suas festas e cerimônias. As Igrejas devem assumir também o papel de educadoras das pessoas e comunidades, tendo em vista o bem comum” (Texto Base, n. 141).

                              O cuidado com a criação é parte integrante da justiça, da solidariedade e da fraternidade que Deus quer ver entre nós. É também um jeito de louvar a Deus. Assim compreendem as Igrejas cristãs unidas na realização da Campanha da Fraternidade: “Unidos seremos mais eficientes, mais ouvidos, dando um testemunho mais forte e cuidando melhor do mundo e da família global que Deus nos ofereceu” (Texto Base, n.193).

                               A reflexão proposta para esta Campanha da Fraternidade pede nosso ver – iluminar com a Palavra de Deus e da Igreja – agir e celebrar, considerando aquilo que hoje está sendo crucial para a continuidade da vida no planeta: os serviços públicos de abastecimento de água, o manejo adequado dos esgotos sanitários, das águas pluviais, dos resíduos sólidos, o controle dos reservatórios e dos agentes transmissores de doenças. A isso chamamos de SANEAMENTO BÁSICO, expressão que mais aparece no texto base.

                               A pergunta que não podemos deixar de fazer é: Como está o acesso da população ao saneamento básico? Sabemos se nossa cidade o está levando a sério que sabemos é que 51% da população não possui coleta de esgoto e que apenas 39% dos esgotos são tratados. Esta e uma questão de saúde pública, o povo contribui para dele usufruir. O Brasil que se vangloria de ser a 7ª. economia mundial tem uma grande dívida quando se trata de saneamento básico. Se nossa vocação é cuidar da criação, denunciar os pecados que ameaçam a vida, mormente a dos mais pobres e que vivem nas periferias, muitas vezes totalmente excluídos, não podemos ficar calados.      

                               O tempo da Quaresma pede de nós, de nossas comunidades, gestos concretos de conversão. E o caminho é pensar nossa casa comum, devastada pelo consumismo, a partir do humano, da pessoa em suas necessidades reais. Falta-nos sensibilidade e consciência para pedir perdão pela destruição da natureza, pelo desrespeito a nossa casa comum.

                                Você sabe se na sua rua o esgoto é tratado? Ou ele corre “céu aberto”, ou melhor, na sua rua, no seu bairro, na sua cidade todos podem contar com a rede de esgoto?

                                Você sabia que o saneamento básico é um dever do Estado e um direito de todo cidadão. E nosso relacionamento com os recursos naturais que não dependem apenas do poder público como, por exemplo, a água? Economizamos? Reutilizamos? Estamos fazendo alguma coisa para captar água da chuva? Desperdiçamos alimentos? Que destino damos ao lixo?  Aderimos à proposta do lixo reciclável?

                                No texto  base da Campanha da Fraternidade que todos devemos ler atentamente, muitas são as propostas viáveis e que devem ser levadas em conta. Estamos dispostos a fazê-lo? Partilhe estas questões em sua comunidade e com seus vizinhos. O compromisso é de todos.  

                                Concluímos nossa reflexão evocando o Papa Francisco: “O amor cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor. (...) O amor social é a chave para o desenvolvimento autêntico: ‘Para tornar a sociedade mais humana, mais digna da pessoa, é necessário revalorizar o amor na vida social – nos planos político, econômico, cultural – fazendo dele a norma constante do agir’” ( Laudato Si, n. 231).

    

                                                                      + Sérgio

                                                                 Bispo Diocesano

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