Advento – Alegre expectativa da vinda do Senhor
Irmãos e Irmãs!
Com o tempo do Advento, a Igreja inicia o Ano Litúrgico que consiste precisamente na celebração sucessiva do Mistério de Cristo que encontra seu ápice na Páscoa, com sua morte, ressurreição e efusão do Espírito Santo.
Advento caracteriza a entrada na história do Verbo que se fez carne e habitou no meio de nós e que aponta para a vinda gloriosa no final dos tempos, ritmando a vida cristã que se realiza na expectativa de que se cumpra a feliz esperança e venha o salvador Jesus Cristo. Ele voltará em sua plenitude para realizar o novo céu e a nova terra. No hoje da história, em nossa vida, ele continua atuando e abrindo o caminho para sua vinda definitiva.
O novo Ano Litúrgico tem como Evangelista, Mateus. Para ele, Deus está presente em Jesus, comunicando a Palavra e a nova Lei a qual suprime a justiça dos escribas e dos fariseus e convoca o novo povo de Deus. O Evangelho de Mateus, portanto, é o Evangelho do Messias, da justiça do Reino e da Igreja. “Eis que estarei com vocês, todos os dias até o fim do mundo”. (Mt 28,20)
Como Evangelista da solidariedade de Deus com os pobres e pequeninos, Mateus põe no centro de sua pregação a pessoa e não a Lei que, levada à perfeição por Jesus, revela o rosto de um Deus que é Pai, faz o sol nascer sobre os bons e os maus, quer a misericórdia e não os sacrifícios, que, como Moisés, manifesta ainda um Deus amoroso que constitui com o povo uma nova Aliança, guia as comunidades e as encaminha à abertura para outros povos e que a todos conduz para o Reino dos céus.
Ao iniciar com a Igreja um novo Ano Litúrgico, retomamos com renovada convicção o desejo de colaborar na construção de um mundo reconciliado e de paz, possível não só pela justiça, mas com solidariedade e reconhecimento do outro como irmão, sujeito de valores, particularmente os pobres e excluídos dos bens elementares para uma vida digna, na conservação do planeta – casa comum que sofre desenfreada devastação e com a defesa da vida desde sua concepção até o seu fim natural.
Tempo propício, portanto, para com o olhar de Deus, contemplar as situações que atualmente ferem a dignidade do ser humano, como o consumismo desenfreado, projetos econômicos sem critérios éticos sacrificando ainda mais os pobres, a violência e as guerras insanas ceifando vidas em várias partes do mundo.
É o apelo da Igreja a toda humanidade, para um encontro real e verdadeiro com Jesus Cristo, restaurando o convívio e os vínculos profundos de amizade e afetividade e a capacidade de, mesmo em meio ao sofrimento, não perder o sonho da alegria e da paz.
Contemplemos a figura de Maria, que no silencio transformou a espera do Messias em presença e a promessa em dom. Ela é o melhor exemplo para uma Igreja chamada a anunciar as maravilhas de Deus.
Dom Sérgio Aparecido Colombo
Bispo Diocesano