Balaio Sertanejo

Balaio Sertanejo

POSTADO EM 01 de AGOSTO de 2019

                         Balaio sertanejo

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Durante o período de 1838 a 1841 ocorreu uma revolta popular no Maranhão devido à crise econômica por causa da exportação do algodão. Os Estados Unidos, depois da Guerra da Independência, normalizou sua situação e começou a exportar também algodão para a Inglaterra.

O algodão maranhense entrou em decadência. De uma população de 200 mil habitantes, 90.000 mil eram escravos. A resistência contra a escravidão levou muitos negros a fugirem das fazendas e formarem quilombos.

A pecuária que era uma expressão forte da economia formou uma camada de homens livres pobres e sertanejos. Com o enfraquecimento da pecuária essa camada da população debandou em desemprego e condições precárias.

Essa camada era usada pela elite como ferramenta de luta nas brigas de poder.

Foi aí que surgiu a Balaiada, nome este por causa do líder Manoel Francisco dos Anjos Ferreira, um fabricante pobre de balaios.

A falta de unidade entre os revoltosos fez com que fossem derrotados pelas tropas imperiais.

A violência recaiu sobre os negros, índios, mestiços e brancos pobres.

É importante compreender esse movimento histórico que ocorreu no Maranhão para que entendamos que a coragem e a esperança que marca o maranhense sobretudo o sertanejo vem da resistência desde do tempo do Brasil Império.

Não somos favoráveis a revolta popular utilizando de arma de fogo. Recentemente o Papa Francisco fez uma mudança na cláusula sobre a pena de morte no Catecismo da Igreja Católica afirmando ela não ser justificada em hipótese alguma.

A Igreja é claríssima em sua Doutrina Social em reconhecer que a paz não vem pela guerra.

O que representou o movimento da Balaiada maranhense pode nos ensinar que é preciso buscar maior unidade entre os movimentos populares e a Igreja que quer ser solidária sobretudo favorecendo um espírito de diálogo com as diversas instâncias da sociedade na perspectiva da justiça e do bem comum.

Nós enquanto Igreja Povo de Deus não nos omitamos de levar o amor de Deus que é anunciar Jesus Cristo sem desconsiderar a promoção humana.

Salvaguardar a dignidade humana e consequentemente toda a Criação é realizar a vocação e missão da Igreja que é chamada a testemunhar Jesus Cristo na Caridade feita serviço aos que sofrem.

Uma mudança de mentalidade e rejuvenescimento de espírito se faz necessário para que o empenho para ver a tão sonhada civilização do amor ocorra.

Só quem amou ama, só quem experimentou misericórdia pode ser misericordioso, só quem foi acolhido em compaixão compadece.

Que sabendo e sentindo-se amado por Deus amemos também nosso irmão e irmã, nossos semelhantes, pois imagem de Deus.

Amemos-vos respeitando sua cultura expressa no jeito de falar, na culinária, na arte, etc.

Que nós paulistas peçamos perdão ao Senhor por ofender nossos irmãos nordestinos em nosso humor piadistico e tantas outras formas de violência velada e não velada que continuamos a fazer.

Que possamos olhar com os olhos de Jesus para cada um e ver uma pessoa como eu independente do que tem ou da condição que seja.

A fraternidade é o grande sinal do Reino entre nós e só vivendo irmanados, unidos e convivendo com nossas diferenças seremos capazes de realizar a vocação para a comunhão que o Senhor nos chama.

E assim estaremos todos juntos no mesmo balaio que há de reunir a todos definitivamente um dia no céu.

Pe. José Antonio Boareto

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