Sede Santos, como vosso Pai é Santo!

Sede Santos, como vosso Pai é Santo!

POSTADO EM 01 de Novembro de 2016

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Por. Pe. José Antonio Boareto


A frase pode ser lida como escrevi no título deste texto, como também lemos em algumas traduções: Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. De fato, a compreensão da santidade de Deus está relacionada a sua essência que é ser Amor. Deus cria salvando, salva criando porque ama. Seu amor é misericordioso. Ele é bondoso e compassivo.

Deus não é insensível ao sofrimento mas compadecido. A palavra hebraica para dizer compaixão e mesmo misericórdia é hesed que significa amor de entranhas, ou seja, amor maternal. Entretanto, em Deus encontramos o atributo masculino também, isto é, Deus ama com justiça.

Deus Pai ama com amor de mãe sem fazer acepção de pessoas. Ele é Santo, Ele é justo. A justiça de Deus é comunicada pelos profetas que usam a expressão Goel para falar de Deus como aquele que fica ao lado dos pobres e excluídos, pois indefesos e injustiçados.

Em Jesus o Pai revela sua santidade. Através do Filho conhecemos o Pai misericordioso. Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu Filho único para que o mundo fosse salvo por Ele.

Através da morte de Jesus na Cruz nos foi dada a redenção. A morte e o mal foram destruídos, entretanto, continua o mal existir entre nós como um mistério da iniqüidade. No jeito didático do Papa Francisco ensinar respondendo as perguntas das crianças, ele nos explica o que é o mal.

O diabo é com uma lagartixa, quando Jesus venceu o mal por meio da sua morte na Cruz ele foi cortado pelo meio, mas o seu rabo continua a viver e a fazer o mal, ou ainda, ensinar que ele é como um cachorro bravo que rosna e late, mas que está preso a uma corrente e que só irá nos fazer mal se chegar perto, pois podemos ser por ele mordido.

A santidade que devemos almejar está muito longe de ser a busca pela perfeição, mas reconhecer que somente a Deus devemos adorar e experimentando ser amado também amar. E o caminho para a santidade consiste em buscar fazer a vontade de Deus e assim abrir mão da vontade própria.

Sim é uma luta do bem contra o mal, mas uma luta já ganha pelo bem, a vitória de Cristo resplandece. De nossa parte simplesmente devemos comunicar essa verdade, e isto, fazemos buscando amar as pessoas, o nosso próximo, aqueles que nos revelam o rosto de Jesus.

Não é tão simples fazer a vontade de Deus, abrir mão da vontade própria, mas é o nosso jeito de agradecer a Deus por tanta bondade em nossa vida. Santidade é mergulhar no amor de Deus, é saber-se pecador e com o coração contrito e sincero pedir perdão e ser perdoado. É confiar em Deus e sua misericórdia experimentar.

Muito mais vale meditar sobre o sentido do porque fomos batizados e mesmo a sobre a paixão do Senhor para as nossas vidas do que ficarmos nos empenhando em mortificações e sacrifícios que judiam de nós externamente e não nos aproximam do amor de Deus, pelo contrário, antes nos afastam devido a culpa que sentimos pelo peso dos nossos pecados.

Eu quero misericórdia e não sacrifício diz Jesus. A santidade consiste numa escada para baixo e não para cima. O caminho da santidade é a humildade, simplicidade e generosidade. O santo não almeja ser perfeito e nem quer sê-lo, pois sabe que perfeito só Deus e essa perfeição é impossível de ser alcançada por nós.

O que vemos por aí sendo chamado de santidade é nada mais que a busca por uma perfeição sem sentido expressa em modo de um narcisismo espiritual. A vida cristã é simples, consiste em amar a Deus e ao próximo. Quando errar ser sincero com Deus, consigo e com o outro, pedir perdão, acolher o amor e seguir amando.

Como ensina Santo Agostinho: Confessei o pecado, acolhi o amor! Simples assim. As exigências que impomos a nós não podem ter sua motivação numa busca por uma perfeição diante de Deus, mas antes num desejo sincero de querer ser amado, acolhido e perdoado.

Desejo de um coração que quer ser adorador, que busca o regaço, o abraço do Pai e que se sabe filho ou filha de Deus. Deus ama o pecador e não o seu pecado, mas é graças a essa nossa condição de pecador que podemos sempre nos aproximar Dele e mergulhar nesse oceano de misericórdia.

O amor de Deus nos transforma. Precisamos acreditar. Deixar-ser conduzido pela sua graça. Ela nos sustenta. Junto de vós, felicidade sem limites. Delícia eterna. Deus é comunhão. O mistério da Santíssima Trindade nos ensina que Deus é comunhão.

Seu amor é fonte, ele irradia e nos faz também ser fonte como Ele. Nós também somos chamados a comunicar esse amor. Ser misericordiosos como o Pai é misericordioso. Somente quem acolhe suas próprias misérias e sabe-se amado e perdoado por Deus é capaz também de misericordiar.

Neste mês no dia 01 de novembro celebramos o dia de todos os santos. Eles foram homens e mulheres que nunca buscaram os altares nem mesmo tinha uma preocupação exarcebada em serem perfeitos, somente queriam amar a Deus e ao próximo.

O encontro com Jesus transformou suas vidas e eles passaram a viver desse amor que os fez suas testemunhas. Simplesmente amaram, diante de Deus reconheciam sua pequenez, mas também sabiam do quanto o amor divino lhes fazia ter paz e coragem para ir em frente no serviço de evangelizar.

Santos e santas de Deus, homens e mulheres que não almejaram ser canonizados mas deram suas vidas por Jesus. Muitos deles encontrando sua face sagrada no rosto dos pobres.

Que perfeição almejava Teresa de Calcutá? Que interesse teria Maximiliano Kolbe? A troco de que Francisco de Assis largou a vida rica? Por que Irmã Dulce enfrentou a superiora do convento, fugindo do claustro para ajudar os pobres em Salvador na Bahia? Por que Oscar Romero ficou ao lado os padres e os pobres mesmo sabendo que corria risco de ser assassinado?

Tudo fizeram por amor a Cristo. Estavam dispostos a pagar o preço por amar. E o único preço é a Cruz da qual não há cristão e cristã que viva sem a sua. Tomemos nossa cruz e sigamos a Jesus sem medo. Amemos e arrisquemos amar e assim estaremos no caminho da santidade.

E não tenhamos ilusão, não peçamos tanto, não façamos opções de mortificações e sacrifícios impossíveis a nós de cumprir. Não esqueçamos nossa condição. Simplesmente peçamos ao Espírito Santo, “ao menos um pouco”, mais amor me dê Senhor para amar e servir procurando em tudo fazer o bem.

“Ao menos um pouco” de amor e misericórdia para me dedicar mais no meu tempo com Deus, seja pessoal ou comunitário. “Ao menos um pouco” de amor e misericórdia para me dedicar mais no meu tempo com o próximo, sobretudo, no cuidado com os mais pobres e excluídos.

Sede santos como vosso Pai é Santo. Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso!


Pe. José Antonio Boareto

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