BUSCANDO ENTENDER O CORAÇÃO DE DEUS.

BUSCANDO ENTENDER O CORAÇÃO DE DEUS.

POSTADO EM 03 de AGOSTO de 2016


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Ao refletir sobre o texto do Gênesis que traz a oração de Abraão (18,20-32) na sua tentativa de conhecer até onde iria a misericórdia divina diante da injustiça que grassava em Sodoma e Gomorra e juntando o ensinamento de Jesus que coloca a conversa com Deus na intimidade de chama-lo de Pai e a insistir  na oração (Lucas 11,1-13), quero refletir sobre os aparentes “não” de Deus a nossos pedidos. Além disso, o “porque”  da aparente injustiça de Deus que parece dificultar a caminhada de quem procura ser justo e parece não ligar muito para os que ocasionam maldades e injustiça. “Pereça o dia em que nasci... que essa noite fique estéril... que a amaldiçoem os que amaldiçoam o dia...”. Estas são algumas frases do início do capítulo três do Livro de Jó. Um livro que busca refletir sobre a condição humana. Especialmente sobre a difícil questão do “porque” do sofrimento de quem é bom. A mentalidade da época entendia qualquer tipo de sofrimento como castigo de pecado. Se alguém sofria devia passar por ritual de purificação. Arrepender-se dos erros. Com isso viriam a cura e a libertação. Por outro lado, quem não tinha problemas era considerado justo. O autor do livro de Jó não aceita essa mentalidade. Parte da experiência de um homem justo para mostrar que ela não se sustenta. E busca descobrir as razões pelas quais os bons passam pela dor. O livro conclui que somente a profunda confiança na santidade-justiça de Deus é resposta para essa questão. Se faltar ao ser humano este “jogar-se” nas mãos de Deus a questão fica sem resposta. E se caminha para o absurdo. Jesus Cristo enfrenta a mesma problemática. E aponta a paternidade de Deus como resposta: “Quando orardes, dizei: ...Pai nosso...”(Mt.6,9). “Pedireis o que quiserdes... (Jo. 15,7)”; “Pedi e recebereis...” (Jo. 16,24). Acontece que a questão continua nos atormentando.  Todos os dias perguntamos a razão do sofrimento. Especialmente dos que julgamos bons e inocentes. E mesmo quando as dores chegam a nós a pergunta surge. E a conclusão fatal é que Deus não é justo. Que Ele se esqueceu de nós. Que Ele não se importa conosco. E que, se existe, nossa sorte não lhe interessa. Mais: Deus não existe. Não é possível que exista um Ser infinitamente bom e que “permita” a infinidade dos sofrimentos. Vê-se que o tema não é novo. E que as perguntas estão sempre presentes. Permito-me colocar um exemplo citado anteriormente: se alguém tivesse um filho pequeno e este lhe pedisse uma moto certamente teria um “não” como resposta. Isto seria, para a criança, um mal. Para os pais o “não” é um bem. Quando a criança crescer compreenderá. Aplicando isto ao nosso tema: quando chega a dor parece que Deus nos diz “não”. Nós pedimos que Ele nos liberte. Parece que não há resposta. Nós ficamos com o “não”. Porque não temos “capacidade-fé” suficiente. Se a tivéssemos veríamos que o Pai sempre nos atende. Nós é que não conseguimos perceber. Nosso olhar é míope e a visão curta. Não é estranha essa atitude. Está na raiz de nossa essência. No livro do Gênesis, capítulo três, se descreve, em linguagem lírica, o “pecado original”. A tentação sempre presente em nosso coração: a autossuficiência. A nossa eterna vontade de sermos, nós mesmos, critério do que é justo ou não. Do certo e do errado. E de nos colocarmos no lugar do Criador. Quando afirmo que não mereço sofrer porque sou bom ou porque, ao menos  me esforço para sê-lo, eu me coloco como credor de Deus. Já que é Ele quem resolve as coisas, como é que Ele não é correto comigo? Se Ele é pai, como é que não protege os seus filhos? Como é que não atende o pedido de curar uma pessoa que eu amo? Como é que Ele deixa pessoas boas envolvidas em dor? E se a gente pede curas e outras soluções, por que Ele se faz de surdo? Tal como Jó, o caminho é o da entrega nas mãos solícitas de Quem nunca abandona. Não é uma atitude fácil. Mas é a única que nos dá resposta segura. Há que purificar e fortificar o olhar da Fé. Para perceber que se o Senhor está na barca, dormindo, ela não afundará. Porque se afundasse Ele iria junto...(Mt. 8,23-27). Ninguém de nós pode invocar bondade absoluta. Ninguém de nós é tão perfeito que mereça algo. Que possa exigir, por qualquer título, a atenção divina. E se fossemos totalmente bons não teríamos feito nada mais que nossa obrigação (Lc. 17,10). O que nos dá resposta é o imenso AMOR de Deus. Que se dá a nós por gesto definitivo de Amor. Não porque somos bons. Porque somos seus filhos e filhas!

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