O ANO JUBILAR DA MISERICÓRDIA

O ANO JUBILAR DA MISERICÓRDIA

POSTADO EM 30 de Novembro de 2015


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Já é de conhecimento pleno a atitude pastoral do Papa Francisco em determinar um ano jubilar para a Igreja. De oito de dezembro deste ano até o domingo de Cristo Rei de 2016 o Papa nos chama a vivenciar e a sermos portadores da notícia do amor misericordioso de Deus para todos nós. E uma das práticas que ele propõe é a utilização da riqueza das indulgências. Pretendo trabalhar, de forma mais detalhada, em outros artigos. Hoje me proponho a breve introdução sobre esse assunto. Como está hoje a questão das indulgências? Penso que, passadas as vicissitudes históricas, há uma compreensão mais profunda e mais serena do assunto entre diversas denominações cristãs, especialmente aquelas que são chamadas igrejas protestantes. A Igreja católica não esconde os desvios de muitos de seus membros em relação às indulgências (falaremos sobre isso). As Igrejas protestantes aceitam que, por detrás da questão teológica, houve acirramento em campos que nada tinham a ver com a teologia. Sabemos que é doutrina comum de todas as igrejas cristãs a mediação única de Jesus Cristo. A questão que se discute ainda é a compreensão exata do que seja “mérito” diante de Deus. De um lado esteve presente o exagero vivido no catolicismo de um merecimento que obrigava a Deus e aos seus santos a atenderem aos pedidos dos penitentes (e que hoje retorna em algumas linhas pentecostais protestantes e certos grupos católicos). De outro o exagero do protestantismo de que o ser humano nada poderia fazer a não ser aceitar sua gratuita salvação. Não ficava claro qual era o papel do discípulo de Cristo. O que era aceitar Jesus como único e supremo salvador? Sabemos que nada do que façamos pode obrigar a Deus. Por outro lado sabemos que se não correspondemos à graça divina, “fazendo” (continuando a obra de Cristo) não somos salvos. A adesão a Cristo é questão de vida não de rito ou palavra. É atitude.  Em 1967 o Papa Paulo VI refutou qualquer conceituação “bancária” daquilo que é o chamado “tesouro da Igreja”: a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo e a vida, paixão, morte e ressurreição de todos os que o seguiram com fidelidade. A “comunhão dos santos” como cremos. A Igreja crê que não repugna a fé nem se desloca o lugar do Senhor ao afirmar que se pode pedir ao Pai Celeste que, em vista da vida heróica de todos os que nos precederam na morte e viveram com fidelidade o seguimento de Cristo, nos perdoe nossos “débitos”. Claro que não se trata de “meter a mão” na riqueza dos outros. Trata-se de um conformar-se nosso, de um esforço pessoal de conversão que nos coloque na trilha daqueles que nós veneramos. Esforçando-nos por corrigir nossas faltas, suplicamos que a fidelidade dos santos e das santas, por meio do Cristo, venha em nosso auxílio. Fica claro, como doutrina, que não se trata de um mero cumprimento de algumas determinações ou práticas simplórias. Trata-se de uma imersão no espírito da vivência cristã. Numa visão simples e usando a nossa linguagem: quando pecamos nos colocamos na contra mão do projeto divino: sermos filhos e filhas de Deus. Nosso pecado “ofende” ao Deus infinito. Diante o infinito o finito nada pode. Daí o Filho ter-se encarnado. O resgate só poderia ser pago pelo próprio Deus. Ao errar e pedir perdão com sinceridade nosso pecado é como “gelo debaixo do sol”. Contudo nossa consciência aponta que devemos uma “satisfação” ao nosso Deus. Não é algo que Ele exige. É nossa consciência que pede. O que podemos fazer para “satisfazer” a Deus? Na nossa pequenez finita nada! Daí o apelo ao mérito infinito de Cristo e ao mérito participado n’Ele, por Ele e com Ele por todos aqueles que se consagraram sem reserva ao seu Amor. No fundo as indulgências servem para motivar um desejo sempre mais profundo de conversão e testemunho para a transformação da própria vida e da vida do mundo. Supõe-se que, ao ter disposição para um exercício penitencial marcado pela indulgência, a pessoa faça um caminho que a leve a encontrar-se com o Senhor. Mude a sua vida. Torne-se discípulo. E seja capaz de dar a vida. Como Jesus Cristo fez. Como tantos santos e santas, canonizados ou não, fizeram e fazem! E a “riqueza” destas vidas é da família toda!

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